quinta-feira, 16 de abril de 2015

Conexao de uma aguia com uma borboleta





Li que saudade sentimos do que foi muito bom e também já li que sentimos  uma certa frustração se não vivemos o que sempre tivemos vontade , então pensei e decidi que tinha que criar uma forma de viver tudo que queria.
E então por umas quatro vezes saímos pra jantar, e em todas as vezes, sem exceção, foram duas garrafas de Carbenet Sauvignon. Teus olhos castanhos tinham um brilho nesses dias que nunca descobri se eram efeitos do álcool ou se era efeito das nossas risadas e confidencias. Em noites como essas saiamos leves, e sempre nos beijávamos numa parede mais escura , trocávamos um sorriso bobo e corríamos para o quarto  e  ali éramos dois amantes ávidos de vida.
Mas também por umas sete vezes saímos pra farrear, ahhh nesses dias nossos sotaques se misturavam, eram excessos de “s” e de “x” , eram muitas stellas, e muita musica. Em sete baladinhas, fomos do rock ao funk, do samba a bossa nova, das gargalhadas aos beijos mais intensos. Nessas noites amanhecíamos na rua, chegando certa vez a passar em uma padaria antes de entrar no quarto. No pos noite de farra a libido era conduzida pela química, pelo tesão, pelo desejo. Eramos dois adolescentes, dois bichos, duas almas sedentas.
Por umas duas vezes viajamos, final de semana rápido,e uma vez, após insistir muito,  te convenci a ir pra uma praia mais tranqüila, ahhh nesse final de semana éramos praticamente os únicos habitantes do planeta, eu fritava no sol e tu aproveitavas na sombra. Ficamos ate o sol ir embora, aonde , nessa altura, já estávamos praticamente empanados de tanto se abraçar sem nenhuma testemunha. Voltamos e mergulhamos em uma banheira. E nesse dia  lavei tuas costas enquanto me contavas tuas historias.
 A outra viagem passamos uns dois dias rápidos num interior em que ficamos mais tempo deitados na cama do que outra coisa, mas andamos muito pela cidade, aonde comemos o melhor peixe do mundo, discutimos sobre o titulo do teu livro e foi a única vez que após brincarmos muito, ficamos em silencio, abraçados e pegamos no sono sem falar nada.Sono tranquilo e cumplice.
Já vivi muita coisa contigo, pelo menos as criei, foi a forma que desenvolvi pra dar a essa historia o que ela mereceria se nao fosse esse momento em que vivemos e ainda assim sentir saudade de cada momento desse como se tivesse realmente ocorrido. Loucura? Pra uns sim. Pra mim não. Se o coração é terra sem lei, a imaginação, os sonhos, delírios são livres, ilimitados.
 Obrigada por ter nascido. Obrigada por despertares em mim o que tenho de melhor. Obrigado por seres quem es tanto no que vivemos, quanto no que fostes nos “ quatro jantares, nas sete baladas e nas duas viagens”.  Quantas vezes eu ainda tiver de reencarnar vou pedir pra deus pra tropeçar na tua vida e tentar fazer dela algo melhor.


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

E deu tudo certo hoje?





E após tanto tempo, eu digo Bom dia, rs.
Digo bom dia após taaaaanto tempo, pois essa foi a frase que surpreendeu meus questionamentos: É tão valioso assim um bom dia?
Questiono sem fazer uso do lugar comum, sem essa de "ao menos estamos vivos, e sim vamos distribuir bom dia", que por mais que seja verdadeiro, o meu questionamento vai além.
Se eu dou "bom dia" pra alguem isso siguinifica inumeras coisas, inclusive que a pessoa tenha um bom dia rs,  mas um "bom dia" tem o mesmo valor de um  " como foi seu dia?"
Esse é o ponto.
Posso mandar um Ctrl C, Ctrl V de bom dia com figurinhas pra minha agenda inteira, mas no final do dia, quando eu estiver cansada apos um dia inteiro de cotidiano, pra quem eu vou querer fazer essa pergunta? Com quem vou querer dividir o que deu certo e deu errado? Com quem vou querer estender as horas do dia conversando sobre tudo e rindo do nada?
Eis a diferença. No filme Medianeiras ( que amo pra sempre), umas das cenas que mais me intrigou foi a de um manequim de loja com um post it com essa frase: Como foi seu dia?".
 Entao, brincamos , fazemos e acontecemos, mas de quem ouvimos essa frase? Pra quem a reproduzimos? Certamente ao ler voce já imaginou uma pessoa, que pode nem estar fisicamente ao seu lado, mas essa pessoa sempre estará lá, perguntando e respondendo, inclusive o boa noite,  passará a ter um outro valor.
Não estou desmerecendo o Bom dia, rs, jamais, quer coisa melhor que acordar após uma noite maravilhosa e ouvir um BOM DIA sonoro e muitas vezes dito bemmm doce.Mas vamos pensar: se não há pra quem fazer a pergunta quando acabam todos os compromissos, talvez nosso "Bom dia"
 esteja sendo mecanico. Ou so eu acho estranho tanta gente dar bom dia, e poucos ( as vezes ninguem) perguntar se deu tudo certo naquele dia.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014




E se por um dia , um unico dia, pudessemos ter outra vida? Acho que rapidamente talvez nos viesse a mente pessoas famosas, milionarios, personalidades que por algum motivos se tornaram celebridades. Mas se olhassemos ao nosso redor,  amigos, vizinhos,parentes, que vida escolheriamos viver por um dia, que sentimentos, que angustias, duvidas gostariamos de compartilhar numa vida que duraria exatas 24 horas?
Talvez você me diga que é muito feliz e que não gostaria de ter outra vida, eu te perguntaria porque não viver essa experiencia unica? Olhamos os outros mais do que olhamos para nos mesmos, muitas vezes até enumeros defeitos alheios quando nem reconhecemos os proprios, As vezes desconfio que já vivemos a vida do outro, só que a distancia.
Se tivessemos essa chance, talvez muita coisa mudasse ou parasse de fazer sentido após esse dia. Perguntas surgem:  "Como seria minha vida com filhos, como seria minha vida sem filhos, casado, solteiro, com dinheiro , estabilidade, sem dinheiro e ainda lutando por algo."
Na verdade todo esse questionamento baseia-se no "e se " , nas escolhas que não fizemos, mas um outro fez, e é como se este outro tivesse nos roubado uma vida que lá atras dissemos não , porque creio que somos  o que também não escolhemos, pelo menos uma parte da gente ficou lá, e talvez esse dia serviria para isso, para nos vermos mais de perto, como um personagem , e será que seriamos movidos pelos mesmos sentimentos e definições que carregamos  nesse dia? Como voce seria nesse dia?
A ideia pode parecer loucura, mas não é, costumamos ser insatisfeitos com nossas vidas, pelo menos em parte dela sim, e o terreno do vizinho sempre nos parece ter a grama mais verde, mas será que teria o mesmo tom se estivessemos do lado de lá?

domingo, 5 de janeiro de 2014

HEROIS EXISTEM SIM

Meu herói tem apesar treze anos. Meu herói ainda não teve tempo de revolucionar o mundo, de descobrir a cura de algo importante, de plantar arvore ou grande feito para a humanidade, mas ainda pode vir a fazer. Porém, ainda que nunca mostre mundiamente seu valor, meu herói mostrou que tem mais fé e força que muita gente grande.
O que um adolescente poderia temer, ele sobreviveu. Foram 53 dias dentro de um hospital, submetendo-se a CTI,  a cirurgias, ao medo da morte, ao simples medo de estar ali. Submetendo-se a muitas vezes a falta de humanidade de alguns profissionais, ao medo de não voltar a andar. Mas ele permaneceu ali, fraquejando algumas vezes, o que é permitido a qualquer ser humano, e principalmente o que é permitido pra alguém que está começando a conhecer a vida, mas , ainda assim, permanecia firme em suas orações.
Vi cenas que jamais esquecerei. O vi gritando de dor o que me fez olhar pro alto e pedir pra trocar de lugar com ele, o vi gritando porque queria sentir os braços livres novamente, sem estar preso a nenhum soro, remedio ou sangue, e ali, naquele momento aprendi o quanto esquecemos do basico, que felicidade mesmo encontramos nas pequenas coisas, nenhuma fortuna no mundo o impediria de passar pelo o que ele passou, e fico me questionando até quando não vamos agradecer por acordar com saude.
Eu não estava lá quando finalmente o liberaram para dar uma volta pelos corredores, pelo jardim. Meu pai fala que ele saiu de braços abertos como se estivesse recebendo a vida novamente, que reparou nas flores, nas frutas pelo chão, que respirou fundo. Não sei se ele tem ideia do que isso siguinificou, mas ali ele estava aprendendo que apesar de qualquer transtorno que a vida nos imponha, a vida está lá fora, com toda a sua beleza e exuberancia.  Ele viveu isso. Mesmo na condição que estava, agradeceu o momento de estar desfrutando um pouquinho da sensação de liberdade. Isso é nobre.
Ele saiu do hospital feliz, na cadeira de rodas aonde ainda se encontra. Ja se locomove bem com ela, ja sai da cadeira de rodas e vai pra cama, pra rede, voltou a escola, sim, porque meu herói não se permitiu a inercia, ele continuou estudando mesmo dentro do hospital, entre um medicamento e outro, lá estava ele, lendo os livros, debatendo os assuntos com a irma, Tanto que passou de ano letivo tranquilamente.
.Ele se operou novamente e dessa vez para por pinos nas pernas. ESta fazendo fisioteraia e agora so vai evoluir. Sim , ele aprendeu a ser forte, a dar valor a vida.
Ele está progredindo diariamente, e a vida e assim, as vezes vamos ao buraco e , se lutarmos, vencendo a dor a cada dia , aos poucos, e no momento certo, as coisas vao retomando seu lugar. O ponto chave é a fe e o amor, que alias ele recebeu e recebe dos amigos, da familia e de gente que ele nem faz ideia que ora por ele. 
Meu heroi mudou, ajudou a mudar minha forma de ver a vida, minhas concepções de mundo e de escolhas. Mais que nunca hoje tenho certeza que o que vale a pena mesmo, sao as minimas coisas, os pequenos momentos. O que vale a pena é o abraço daquela pessoa especial, e o sorriso dos que amamos, e o apoio sincero  nas horas mais dificeis. E ele foi maior que tudo isso, e humilde sempre. Sou grata por terem permitido que eu seja a sua madrinha, as vezes irma, as vezes mae, e mais que nunca sua fã mais orgulhosa do mundo.


E chegou 2014. Estive mais uma vez afastada do blog. O motivo foi so um : a vida me atropelou de uma forma que me perdi. Nesse periodo afastada, tive crise de estresse aliada a depressao, me resgatei me tornando uma pessoas mais saudavel, corri duas meias maratonas, e quando tudo estava sendo recuperado meu afilhado/irmao/filho teve trombose ( quem me conhece de verdade sabe que ele é minha vida, minha paizão) o que mudou completamente a minha vida e de minha familia. Ufaaa, parece brincadeira, mas a vida pode atroplear mesmo.
E eis que surge um momento de voce ter esperanças novamente, e há epoca melhor que um ano que inicia? Entao maos a obra, já que a atividade fisica foi o que me fez não desabar , resolvi continuar o meu processo de resgate ,  voltei a ler livros que não sao somente de direito, a ver filmes, ouvir musica, e chegou a hora de voltar a escrever, voltar a por pra fora o que me corroi, me intriga, o que me faz para pra pensar e quem sabe mudar de ideia.
E isso é me sentir viva. Hoje ao ver um por do sol com umas amigas,( que tambem amo fazer) , ela me olhou e disse que eu estava de volta, e isso é bom demais. Agora sinto que posso retomar antigos projetos, porém agora com uma "vanessa pos 2013" que acreditem , foi um periodo de aprendizado pesado e dolorido, e é clichê o resultado disso: maturidade.
Escrevo com sorriso nos labios. E que venha 2014. E que venham muitas historias para eu poder escrever novamente e sem chances de parar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

VERÁS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE A LUTA


E um belo dia o governo de São Paulo resolve aumentar sua tarifa ,e vinte centavos foi a gota d´água. Foram os vinte centavos mais caros dos ultimos tempos na historia do Brasil. Foram  vinte centavos que levou o povo ás ruas , com palavras de suplica, acompanhadas de fúria, Fúria não pelo valor em si, furia pelo o que há anos somos obrigados a engolir seco.
O Brasil sempre teve a fama se ser um povo pacifico e festeiro e, honestamente, esse conceito não é totalmente errado, afinal somos um povo cujo os ingredientes de nossa formação mistura-se com o Fado portugues, com os batuques africanos , danças e pinturas indigenas entre muitas outras pitadas culturais.
Ocorre que esqueceram que juntamente com o fado, batuque, danças  e pinturas,  também herdamos a coragem de atravessar oceanos para conquistarmos novos mundos, herdamos as marcas de um povo escravizado e humilhado por sua cor e pela sua cultura, herdamos a indignação de sermos chamados de não civilizados e nos roubarem em troca de espelhos, logo, esqueceram que nosso grito é forte e alto pois carrega um sofrimento que foi oprimido esse anos todos.
Lutamos pela queda da  republica, alias, eu como paraense posso bater no peito e dizer meus antepassados fizeram uma revolução cabana. Lutamos pelo fim da escravidão , temos Zumbi dos Palmares como herói nacional, fomos as ruas pelo fim de um regime de ditadura militar, nem que isso importasse em mortes e torturas, nosso grito pedia por liberdade. Minha geração especificamente foi a dos caras pintadas onde o verde e amarelo  tomou as ruas e gritamos fora para um presidente e sua equipe, portanto não me surpreende que por vinte centavos São Paulo tenha acordado e levado com ele o Brasil inteiro repleto de indignações.
E por mais do que vinte centavos, o Brasil inteiro está gritando, está nas ruas, não contra a presidente, um governador, um prefeito, ou contra um partido especificamente, estamos gritando com furia pelos nossos direitos, por melhorias da vida, branco é a cor desse movimento em sua maioria.
Acharam que mais uma vez iam nos calar com o circo do futebol.  Gostamos de fazer festa , gostamos do futebol, mas precisamos bem mais que circos, pois pela historia de luta do povo brasileiro nunca fomos palhaços.


domingo, 12 de maio de 2013

Acredito que a sensação de fracasso tem o pior sabor do mundo. Acido e Azedo ao mesmo tempo, sem qualquer chance de ser adocicado.Surge quando você menos espera, alias, esse o motivo de ter um gosto desagradavel, o fracasso é penetra na sua vida, ele nunca foi ou será um convidado. Entao você completamente otimista, ou na melhor das hipoteses realista mas confiante, desenvolve um projeto, constroi o que for necessario para a realização de algo muito almejado, e entao, o fracasso entra derrubando portas. O fracasso é antagonico ao êxito, a conquista, a vitoria, ele esfrega na sua cara que você não está tao no comando assim de sua vida, que talvez você tenha errado em algo, ou que o seu limite ainda não foi o suficiente. Não importa o motivo, Ele está lá, doendo.Incomodando. Ele frusta expectativas, ele é tao cruel que pode vir a matar sonhos. E não somos criados para viver com ele, para aceita-lo, e principalemte para supera-lo, quando o fazemos é na marra, porque precisamos e pronto, mas somos criados para sermos super herois e estes não fracassam para vilão algum. Por isso quando algo que lutamos tanto para acontecer não acontece, não sabemos lidar, nos permitimos abater. E nem vejo isso como o problema, até porque cair faz parte do processo de aprender a levantar. O problema é não vivermos esse fracasso como deve ser vivido e respeitado, deve ser analisado profundamente ainda que revele verdades doídas. Não podemos seguir em frente sem ouvir o barulho que ele causa. Se caí em uma rua foi porque tropecei, mas porque eu tropecei? Não prestei atenção? A rua estava esburadada? há sempre um motivo, e depois de o conhecermos, ou pelo menos encararmos e aceitarmos esse sabor de derrota, é que poderemos seguir em frente, sabendo que outras falhas poderão nos atropelar, que talvez o caminho seja mais longo ou com mais obstáculos do que o esperado, mas jamais deveremos nos permitir parar de desejar , parar de sonhar e principalmente de construir planos para um dia realizarmos.